Outra Vez

 

Não é assim que as coisas funcionam. Não será dessa maneira que tudo vai melhorar. Pare de trocar teus pés pelas mãos. Você não quer esse, não quer aquilo lá, nem aquilo outro, nem aquilo ali. Você quer qualquer coisa! Algo que tape o buraco, alguém que preencha essa vala que criaram no teu peito. Mas de que adianta encher esse buraco com a primeira coisa que lhe vier à frente? Ou pior, trocar a toda hora, sempre que encontrar um recheio que lhe pareça melhor.  Se continuar assim, nunca, entendeu, nunca conseguirá sair desse beco no qual se encontra. Até pode acreditar que está melhorando, mas na verdade pode estar andando em círculos. Será que não consegue ver? Deixe o desespero de lado, pense direito, use essa cabeça que Deus lhe deu! Eu sei que consegue, eu sei que tem essa capacidade. Não se deixe levar por vontades, por medos que povoam a tua imaginação. Focalize no que realmente vale à pena. Deixe estas questões para depois. Não coloque o carro na frente dos bois. Não pense no que você não tem, pense naquilo tudo que já é possível na tua vida. Nas bênçãos que lhe foram colocadas. As chances que te deram. Pense naquilo que te faz respirar e viver cada dia e não naquilo que lhe faz desejar tirar a própria vida. Não repita os mesmos erros. Não deixe brotar essa erva daninha na tua vida mais uma vez. Irá mesmo desperdiçar uma boa chance, talvez a única que tenha de colocar as coisas de volta no lugar, simplesmente porque o desejo bateu mais forte? Olhe, se for mesmo esse o caso, esperava mais de você. Muito mais. Seria uma pena. Uma decepção. Espero estar errado, peço a Deus por isso. Não duvide.

Fim do Azucrino

Estas visões. Figuras que aparecem com pertinácia. Clarões que trazem à tona a falácia de coisas já muito perdidas. Ilusões do passado, produto dum deformado pensamento desvirtuado pela descrença na verdade. Surge crescendo nos pulmões um grito escancarado pela sinceridade que pede o momento. Saiu de mim, como um lamento que ganha o ar, escapando-me de dentro do peito, feito um gracejo do destino que prega um delírio à minha vista cansada. E volta a desgraçada com sede de mais. Enche meus ouvidos, sufoca minha garganta. Atrai meu ser num visco e me quebranta. Eu digo, eu nego, mas não adianta. Afogo-me em palavras que são incapazes de inocentar a razão que permanece ignorada pelo coração. Maldito bandido que me traz perturbação. Fico alucinado procurando indignado por uma resposta a essa questão. Foge fácil a fala quando a face fita a figura dela. Faço-me de cego ao belo semblante que a tratante exibe. Corro por um instante prum mundo distante criado pela vontade de sumir dali. Mas não adianta. Quando percebi, era tarde. Sou uma criança que chora graças à realidade que lhe brinda com maldade tudo que sonhara com gosto. Isso não me foi imposto, de maneira alguma. Apenas sei que me provoca, em suma, porque lhe faz bem. Peste! Cesse isso agora! Veste tua pele de cordeiro e vá embora. Chega de azucrino. Agora termino a questão com o mofino momento desejado há muito tempo por mim de te deixar para trás. Falta nenhuma você me faz. Adeus.